Sobre esperança

Semana passada eu estava finalizando um trabalho do mestrado e me peguei pensando se haveria artigos científicos que falassem de esperança, porque realmente tem sido difícil ver as delícias da vida diante do cenário atual. E não há como escrever alheia a tudo que vem acontecendo. Daí fui ao Google ler sobre o significado da palavra (meu prof. de Metodologia Científica me perdoe). Então, em um primeiro momento, selecionei algumas descrições:

• “sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja”;
• “capacidade de nutrir a expectativa de um futuro melhor, mesmo diante das adversidades”;
• “confiança de que algo bom acontecerá”.

Agradando ao meu professor de Metodologia, encontrei o “Oxford Handbook of Hope” com dezenas de artigos científicos que tratam da esperança como fator de saúde física, saúde mental e bem-estar. Segundo Gallagher et al (2019), “esperança é a capacidade de identificar estratégias ou caminhos para atingir objetivos e a motivação ou ação para efetivamente buscar esses caminhos” e é um fator chave na recuperação de transtornos de ansiedade. Para Snyder (2002), a esperança é como um arco-íris que, enviando fragmentos multicoloridos em várias direções, levanta nossos espíritos e nos faz pensar no que é possível.

Descobri ainda que, na mitologia grega, quando Pandora liberou todos os males da caixa proibida para o mundo, houve tempo para não deixar a esperança escapar. O que, segundo a interpretação antiga, ocorreu porque a esperança era preciosa e precisava ser preservada (GALLAGHER; LOPEZ, 2017).

Eu sempre achei que a palavra esperança tinha a ver apenas com “esperar”. nunca pensei nessa palavra com um sinônimo de ação, como demonstrado no conceito de Gallagher. E penso que, para superarmos esses dias tão sombrios, precisamos de pequenas ações para quem sabe encontrar o pote de ouro no fim do arco-íris. Quais são as estratégias para atingir nosso objetivo de continuarmos vivos? Seguir as recomendações que eu já nem preciso citar, sim, nos manter vivos na pandemia também depende de nós. Qual a motivação para buscar esse caminho? A promessa de poder usufruir uma vida como aquela que tínhamos antes da fatídica pandemia, só que melhor, porque já aprendemos sobre o que realmente importa e, como você sabe, na Nova Zelândia já é “ano novo”, eles agiram precocemente e já encontraram seu pote de ouro. Que tal fazer uma lista de coisas para fazer quando tudo isso passar? Olhar para essa lista vai te dar esperanças!

Eu não quero aqui te dar uma lista de coisas para aguentar o isolamento social, eu acho que já superamos essa fase, já fizemos de tudo, já temos listas para todos os gostos… eu quero te fazer pensar no que é possível e com isso manter sua esperança aí emitindo seus fragmentos multicoloridos. Há dias em que temos mais esperanças, há dias em que temos menos. Mas em todos já sabemos que estamos vivendo dias nunca antes sonhados por nós, mas isso já é certo! Não pedimos pela pandemia, mas podemos assumir o controle de como reagimos a ela, certo? E é nesse ponto que quero te convidar a ter esperança em dias melhores, porque a realidade já temos aí; a ser grato por cada nascer e pôr-do-sol, porque presenciamos a efemeridade da vida em cada notícia; a agir diante da pandemia com um olhar de esperança, porque muitos dos 350 mil brasileiros que se foram gostariam de ter essa chance que você e eu temos em mais esse dia vivido. Ter esperança é ação!

_{Material consultado:}

• _{Hope Theory: Rainbows in the Mind. C. R. Snyder}
• _{Examining Hope as a Transdiagnostic Mechanism of Change Across Anxiety Disorders and CBT Treatment Protocolsv. MatthewW.Gallagher,LauraJ.Long,AngelaRichardson,JohannD’Souza,JamesF.Boswell,ToddJ.Farchione,DavidH.Barlow}
• _{Introduction to Science Hope. Matthew W. Gallagher and Shane J. Lopez}
• _{Hope is a Key Factor in Recovering from Anxiety Disorders: https://uh.edu/news-events/stories/2019/october-2019/101419-hope-anxiety-gallagher.php}